“Neste momento as árvores estão povoadas de pássaros.
A terra suspira lentamente antes de entrar na sombra.”
O vento pouco
a pouco,
pareceu-me
crescer com o passar das horas,
ocupando
novamente toda a paisagem,
chegando,
saindo,
querendo dizer
com alaridos sombrios:
“A Canção do Frio”.
Cantando e
derramando,
alagando,
num rio de
agasalhos,
iriante,
se propagando
pela carne alabastrina,
pura e
infante,
da mulher
inocente e
amante.
Soprava de uma
abertura entre as montanhas da Urca,
à leste.
Chegava
apressado e celeste,
do fundo do horizonte,
e vinha
cabriolar em cascatas,
por entre a Pedra da Gávea,
e embora de
sol fraco,
de dia curto,
e corpos ainda
solitários,
soprou este
vento me dizendo que,
amanhã,
novamente,
desde que a
terra não se perca de eixo rotatório,
ele, o sol,
estará firme
em seu lugar...