20160623

Canção do Inverno

“Neste momento as árvores estão povoadas de pássaros.
A terra suspira lentamente antes de entrar na sombra.”
 
O vento pouco a pouco,
pareceu-me crescer com o passar das horas,
ocupando novamente toda a paisagem,
chegando,
          saindo,
querendo dizer com alaridos sombrios:
“A Canção do Frio”.
Cantando e derramando,
                             alagando,
num rio de agasalhos,
                          iriante,
se propagando pela carne alabastrina,
pura e infante,
da mulher inocente e
                          amante.
Soprava de uma abertura entre as montanhas da Urca,
   à leste.
Chegava apressado e celeste,
do fundo do horizonte,
e vinha cabriolar em cascatas,
                             por entre a Pedra da Gávea,
e embora de sol fraco,
                        de dia curto,
e corpos ainda solitários,
soprou este vento me dizendo que,
amanhã,
novamente,
desde que a terra não se perca de eixo rotatório,
ele, o sol,
estará firme em seu lugar...