Ouvia ao longe o sopro perdido de um vento vago,
cansado de passear pelos meus cabelos.
O saxofone ao fundo compunha um outro som,
e no ar,
misturando-se com meus pensamentos,
trazendo-me à tona de um sorriso azul e ingênuo de lua minguante.
Louco em vontade,
experiente em vida,
desobstruído,
cheio,
e incompleto,
preenchendo-se no espaço disponível;
espreitando-se entre tantos e tudo,
às voltas com o agora,
e todos.
Suportando do futuro a fidelidade do presente,
tentando ser humano,
desafiando mais um passo;
para quando a força chegar ao seu fastígio,
aqueles rabiscos traços de vida possam compor todos os momentos,
delinear todas as volições;
fazendo assim,
com os sonhos e a realidade,
uma Simetria. Rio de Janeiro – 06/01/1991