20160708

Delirios de Verão em Nova Iorque

Quando conheci pela primeira vez a paixão,
sabia que logo conheceria também outras dores.
Não que a paixão seja uma dor,
mas,
as vezes experimentamos algo que queremos tanto,
e ironicamente sempre alguma outra coisa se mostra em contrário.
Me lembro quando aquela voz feminina
deixou de acariciar meu pensamento,
para então abraçar minha realidade.
Como menino,
esperei que outra flor se abrisse,
e mesmo inocente de todos os pensamentos sonhados,
eu acreditei que tudo aconteceria novamente,
                          e de forma diferente.
Tolo,
completamente perdido de toda razão necessária,
que mesmo a razão não se atreveria a me explicar…
Bem,
Hoje aqui estou eu,
                           quase Setembro novamente,
Nova Iorque,
   Queens,
                 calor de Agosto.
Meu português parece me enganar,
as palavras formam uma armadilha para meus dedos no teclado,
e sem dúvidas sou comparsa,
porque não resisto,
apenas me entrego ao delírio do momento vazio.
Não quero ser negativo,
as palavras nunca me negaram conteúdo,
e a minha vida nunca me negou nenhum momento,
que me faltasse inspiração suficiente para continuar escrevendo,
pois insisto todo e,
 cada único momento.
Continuo o mesmo embaraço de ontem,
mesmo tropeço de hoje,
e a mesma vitória de amanhã.
E aqui,
quando Dezembro vier,
poderei então cantar a canção da chuva,
o dia amanhecerá  mais uma vez,
o inverno já estará por aqui,
a neve cairá mais uma vez;
e eu continuarei resistindo mais um momento de loucura vivida.

Nova Iorque, Agosto de 1999