MULHER EM TEXTO – SEM PALAVRAS, CRIAÇÃO DIVINA
O título mulher tem perfume que sentimos sem precisar de olfato. Tem todo o jeito de quem anda por andar, sinceramente sem querer chegar a lugar nenhum. Quando chega dá pra ver que demorou muito tempo pra ficar pronto, e ainda não está. Afinal ainda me dói a costela do lado esquerdo.
O som mulher tem um silêncio gostoso de se ouvir e assim está sempre pronto para ser quebrado. Ela tem natureza própria: é um vento que sopra a cara e provoca os cabelos; lua que, nua, se banha no mar de homens sonhadores.
A palavra mulher dá orgulho: a gente fica lendo, bobo, descobrindo um monte de coisas que já sabemos, mas que fazemos questão de lembrar a todo o momento, como filho no presente e amante no passado.
Mulher, rainha, que mesmo assim treme, grita, chora e comemora em uma só língua; e faz a gente pensar que somos, todos, fragmentos de uma mesma criatura com dois lindos seios e um santo ventre, que caiu, quebrou e nos espalhou um dia; quase confundindo a própria criação em seu ato de abençoar o solitário homem do Éden.